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"O DIREITO AO DELÍRIO", POR EDUARDO GALEANO

“A utopia está lá no horizonte. Me aproximo dois passos, ela se afasta dois passos. Caminho dez passos, e o horizonte corre dez passos. Por mais que eu caminhe, jamais alcançarei. Para que serve a utopia? Serve para isso: para que eu não deixe de caminhar.”  - Galeano citando Fernado Birri - "Pra que serve a Utopia?" "O direito ao delírio", por Eduardo Galeano "Que tal se delirarmos por um tempinho? Que tal se cravarmos os olhos além da infâmia para imaginar outro mundo possível? O ar estará limpo de todo veneno que não provenha dos medos humanos e das paixões humanas... Nas ruas, os carros serão esmagados pelos cães... As pessoas não serão controladas pelos carros, nem serão programadas pelo computador, nem serão compradas pelo supermercado, nem serão, tampouco, vistas pela TV. A TV deixará de ser o membro mais importante da família e será tratado como o ferro de passar roupas, ou a máquina de lavar. Será incorporado aos códigos penais o crime de estupidez, qu
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POR UM FIO: A HUMANIDADE CAMINHA PARA A SUA EXTINÇÃO

    Se pararmos para observar tudo que está acontecendo, nesse ritmo que segue a espécie humana, mais próximos estamos do ponto de não retorno, que é o último fio que resta para romper o laço da existência humana neste planeta. Sim, estamos POR UM FIO!   O que hoje os cientistas nos alertam, há anos os povos indígenas já diziam a respeito das consequências que traria a devastação da natureza, da qual somos parte integrante. A Terra está muito enferma, e os povos indígenas são os que melhor sabem a respeito da medicina necessária, mas será preciso – com urgência e humildade – silenciar-se para escutar o que eles têm a dizer, e quais os caminhos que precisamos trilhar.   Não dá mais pra trabalhar com a expectativa de metas pra daqui 20, 30 anos ou mais. A crise climática é real, ela já está presente, não é mais uma realidade de um futuro distante. Vivemos uma emergência climática, mesmo que muitos não queiram reconhecer isso.   Imagine que cada efeito das mudanças climáticas somado a

HÁ 521 ANOS PASSANDO A BOIADA

  Não começaram a passar a boiada durante o governo Bolsonaro, esse projeto genocida, etnocida e ecocida, começou há 521 anos, quando os invasores europeus chegaram nestas terras. De lá pra cá, essa boiada vem pisoteando toda nossa biodiversidade, deixando rastros de destruição por onde passa. Suas patas estão manchadas de sangue indígena, elas levam as marcas de todas as formas de vida que destruíram. O atual governo e – especialmente – o ministro Ricardo Salles, só dão continuidade ao projeto que começou em 1500. E não pensem que é exclusividade do atual governo. A verdade é que, de todos os governos que esse país já teve, nenhum de fato era sensível à causa indígena. Quando faziam algo, era por pressão, não por vontade própria. Desde governos de direita até os governos ditos de “esquerda”. Entra governo e sai governo e, desde sempre, os povos indígenas tiveram que se contentar com migalhas, pois todos os direitos conquistados foram a base de muita luta e muito sangue derramado. Na

BRINCADEIRA DE MAU GOSTO

     O cacique Raoni - que travou uma luta grande contra a construção da faraônica usina hidrelétrica de Belo Monte - teve sua imagem usada por Lula e Dilma, no dia dos povos indígenas. Mas, o que há de errado nisso? Belo Monte foi concebida durante o período da ditadura militar e foi realizada durante os governos Lula e Dilma. É revoltante que tenham usado a imagem dele!   Belo Monte envolve denúncias de corrupção, violação dos direitos humanos, como o ataque aos direitos dos povos indígenas e tradicionais, e também a destruição da biodiversidade. Resumindo: Belo Monte é um projeto ecocida e etnocida, um verdadeiro crime contra a humanidade. São gigantescos os custos ambientais, sociais e econômicos.   São muitos os problemas deixados por Belo Monte, desde a morte de uma tonelada de peixes até os mais altos índices de violência em Altamira (PA). Essa visão desenvolvimentista é prejudicial para o Brasil, e o ex-presidente Lula não se demonstrou arrependido a respeito - pelo contrário -

ECONOMIA INDÍGENA: O POVO KAINGANG E A ARAUCÁRIA

  Criança planta muda de araucária na TI Rio dos Índios. Foto: Isaías da Rosa Kaingang   Quando se fala em economia, pra muita gente, uma das primeiras coisas que vêm em mente é a questão financeira. Mas, a economia vai muito além disso. E quando se fala dos pensadores, muito se fala em Marx ou Smith, por exemplo. Agora, vocês já pararam pra pensar que a economia vai muito além do pensamento ocidental? Se pararmos pra refletir, o pensamento econômico já existia muito antes da sua conceitualização e surgimento como ciência. Poderíamos citar os mais diversos povos que habitam esse planeta, mas, aqui, em específico, vou falar sobre os povos indígenas, e mais especificamente o povo Kaingang.   A economia ecológica é uma área de estudo da economia, que é interdisciplinar e reconhece a relação de interdependência entre a economia e os sistemas ecológicos. Nesse sentido, considero os povos indígenas como doutores especialistas nessa área, os quais têm muito a contribuir com um modelo alternat

𝐏𝐎𝐕𝐎𝐒 𝐈𝐍𝐃Í𝐆𝐄𝐍𝐀𝐒 𝐏𝐑𝐎𝐓𝐄𝐆𝐄𝐌 𝟖𝟎% 𝐃𝐀 𝐁𝐈𝐎𝐃𝐈𝐕𝐄𝐑𝐒𝐈𝐃𝐀𝐃𝐄 𝐃𝐎 𝐏𝐋𝐀𝐍𝐄𝐓𝐀

  Entre 2011 e 2015, um grupo de pesquisadores da Universidade Autônoma de Barcelona se perguntou sobre as práticas das sociedades indígenas contemporâneas quanto a utilização da floresta e da biodiversidade em um mundo preocupado com os efeitos do aquecimento global. Para responder suas incógnitas, os cientistas decidiram conviver durante 1 ano e meio com três grupos nativos no Bornéu, na bacia do Congo e na Amazônia.   Durante este estudo de campo os pesquisadores se encarregaram de analisar as rotinas, práticas sociais e formas de interagir com o meio ambiente das comunidades escolhidas. Foi assim que se deram conta de que, embora os povos indígenas estejam enfrentando mudanças culturais e econômicas que ameaçaram sua relação com o meio ambiente, existem métodos importantes para a conservação da biodiversidade, como os que compartilharemos a seguir: – Nas políticas de conservação de florestas tropicais necessita-se incorporar a cultura local desde um enfoque biocultural; é dizer, c